sexta-feira, 8 de junho de 2018

Terreiros do Afonjá e Gantois são visitados amanhã (9) para treinamento de guias e condutores de turismo



Fundado em 1910, por Eugênia Ana dos Santos (Mãe Aninha) e Tio Joaquim (Obá Sanyá), e tombado como Patrimônio do Brasil via IPHAN/MinC desde o ano 2000, o Terreiro Ilê Axé Opó Afonjá (tel. 3384-5229), no Cabula, será o primeiro local de visitação do Projeto ‘Terreiros Criativos’ em Salvador, amanhã (9) no início da manhã. O projeto foi lançado em março deste ano (2018) em Cachoeira, e durante 90 dias treina e qualifica guias/condutores de turismo, integrantes de comunidades de candomblé e trabalhadores da cultura do Recôncavo da Bahia. Dentre os instrutores e palestrantes, professores doutores da UFRB, especialistas das áreas de história, educação, sociologia e antropologia, além de mestres populares, ogãs, babalorixás e yalorixás.

“Teremos uma pessoa do próprio terreiro do Afonjá para explicar todos os detalhes da área e da comunidade”, afirma o guia de turismo João Luz, responsável pelo roteiro da visita em Salvador. O Afonjá detém 39 mil metros de área, e tem 1/3 do terreno é ocupado por edificações. Santuários de Oxalá e Iemanjá, Casa de Xangô, o barracão e a escola modelo municipal são algumas das construções. Desde 1976, o Afonjá é liderado por Maria Stella de Azevedo Santos, conhecida como Mãe Stella de Oxóssi, Odé Kayode.

GANTOIS  Logo depois do Afonjá, o grupo do ‘Terreiros Criativos’ segue para o Ilê Iyá Omin Axé Iyá Massê, o famoso Terreiro do Gantois, na Federação. Assim como o Afonjá, o Gantois nasceu a partir do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho (Avenida Vasco da Gama) e foi fundado por Maria Júlia da Conceição Nazaré em 1849. A sua mais famosa líder foi Mãe Menininha do Gantois (1922-1986), seguida depois por suas filhas Mãe Cleusa (1989-1998) e Mãe Carmem que assumiu a casa em 2002. Ocupando o topo de uma colina (Alto do Gantois, 23 - tel 3321-9231), sobre extenso vale, a atual Avenida Garibaldi, o Axé Iyá Massê ainda detém área verde, inclusive com fonte de água.

Além do antigo barracão, edificações erigidas para os orixás estão espalhadas na área. O terreiro foi tombado em 2002 como Patrimônio Nacional via IPHAN/MinC. O nome Gantois surge a partir do antigo proprietário do terreno, o traficante de escravos belga Édouard Gantois, que arrendou as terras a Maria Júlia da Conceição Nazareth. Ela era africana liberta e foi casada com Francisco Nazaré (1789–1859), africano jeje, com quem teve 10 filhos. O terreiro dispõe do ‘Memorial Mãe Menininha’ criado em 1992 com mais de 500 peças.

CENTRO HISTÓRICO  Considerado o maior conjunto arquitetônico barroco de origem europeia nas Américas, o Centro Histórico de Salvador também está no roteiro do projeto e será visitado amanhã (9) à tarde. “Queremos mostrar a importância arquitetônica e histórica, além de tratar desses espaços urbanos e da chegada dos africanos à cidade”, adianta o guia João Luz. Segundo ele, o grupo visitará a Igreja do Rosário dos Pretos (Largo do Pelourinho) administrada pela Irmandade de mesmo nome, e o Centro Cultural da Igreja da Barroquinha gerido pela Fundação Gregório de Mattos.

“O objetivo do ‘Terreiros Criativos’ é desenvolver a cultura e o turismo na região do Recôncavo, qualificando os profissionais da área, gerando mais empregos e renda para a população local”, completa o presidente da Associação dos Guias e Condutores de Turismo do Vale do Paraguaçu (ACTUP), Alexssandro Simão (Sandro Guia), entidade que criou o projeto. Excetuando visitas em São Félix, Cachoeira e Salvador, todas as aulas acontecem na Fundação Hansen Bahia. A grade de aulas continua até meados de junho. Os cursos têm corpo docente formado por cerca de 90% profissionais da região. A participação no ‘Terreiros Criativos’ é gratuita. O patrocínio é do Governo do Estado, via Secretaria de Turismo (Setur), com apoio da Secretaria de Cultura (SecultBA) e Instituto do Patrimônio (IPAC), além do Centro de Artes e Humanidades e Letras (CAHL/UFRB).

Informações: pterreiroscriativos@gmail.com e actup-cachoeira@bol.com.br, telefones (75) 98245.1045 e (71) 99154-5965. O projeto foi lançado em março (https://goo.gl/F1UL5R) com ampla divulgação (https://goo.gl/qBMmLG, https://goo.gl/w3XXFK, https://goo.gl/uuaEut). Confira:www.ipac.ba.gov.br. Além dos facebooks Ipacba Patrimônio e Moniz Comunicação, o twitter @ipac_ba e os instagram @ipac.ba e @monizcomunicacao.

Créditos Fotográficos obrigatório no nome de cada Foto: Lei nº 9610/98 – Acervo IPAC

Em 08.06.2018
Jornalista responsável Geraldo Moniz de Aragão (DRT-BA nº 1498)
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